ESCRAVIDÃO AFRICANA NO BRASIL
Em meados de 1550 começaram a chegar os primeiros africanos ao Brasil, trazidos por meio do tráfico negreiro. Os portugueses possuíam feitorias instaladas desde o século XV e, desde então, mantinham relações comerciais com o reinos africanos, que incluíam a compra de escravos
A colonização no Brasil foi se desenvolvendo e a necessidade por mais mão-de-obra era cada vez maior, o que fez com que o comércio de escravos africanos prosperasse muito. O tráfico negreiro era extremamente lucrativo, tanto para os traficantes, quanto para a Coroa Portuguesa.
Os navios negreiros levavam de 300 a 500 escravos, e o tempo de viagem, partindo de Angola, era de 35 dias, caso fossem para Pernambuco; de 40 dias, se fossem para a Bahia; e de 50 dias, se fossem para o Rio de Janeiro.|
Muitos alimentavam-se apenas uma vez por dia e quase não recebiam água potável. Eram aglomerados em porões, com uma quantidade elevada de pessoas, o que tornava, muitas vezes, difícil respirar e facilitava a transmissão de doenças. Uma das doenças que mais atingiam os escravos nos navios negreiros era o escorbuto, causado por uma dieta pobre em vitamina C. Mas podiam pegar varíola, sarampo, febre amarela, doenças gastrointestinais etc. Devido a essas condições desumanas muitos escravos morriam durante a travessia
As principais regiões da África das quais vieram os escravos para o Brasil foram:
Senegâmbia: os portugueses chamavam essa região de Guiné, e ela foi a grande fonte de escravos no século XVI.
Angola e Congo: maiores fontes de escravos para os portugueses durante o século XVII.
Costa da Mina e Benin: maiores fornecedores de escravos para os portugueses no século XVIII.
Moçambique também foi um local do qual muitos escravos vieram. Entre os povos que vieram, estava a etnia banto e outros, como balantas, bijagós, jalofos, jejes, nagôs, hauçás etc. Aqui no Brasil, a preferência era por adquirir escravos de diferentes povos porque isso dificultava a articulação dos grupos e diminuía as possibilidades de que fossem organizadas fugas e movimentos de resistência.
Ao fim da viagem, os portos que mais recebiam navios negreiros no Brasil eram os de Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Os escravos, por sua vez, eram enviados para diversos locais da colônia, como Fortaleza, Belém e Maranhão, por exemplo. Eles poderiam ser leiloados já na alfândega ou então nos mercados de escravos, que os abrigavam durante a espera de compradores. O preço dos escravos era bastante elevado porque os traficantes de escravos eram obrigados a pagar impostos na alfândega por todo cativo com mais de três anos de idade. O anúncio de venda continha informações como sexo, idade e origem. Os escravos poderiam ser obtidos para realizar trabalhos manuais na lavoura, assim como trabalhos domésticos. A partir do século XVIII, com o ciclo da mineração, muitos escravos foram vendidos para trabalhar nas minas e nas cidades que se desenvolveram em Minas Gerais.
O trabalho feito pelos escravos africanos era considerado muito mais pesado do que trabalhar nas plantações. Isso é comprovado pelo fato de que nas moendas – local em que a cana-de-açúcar era moída para extrair seu caldo – era comum ocorrer acidentes em que os escravos acabavam perdendo mãos ou braços.
Já nas fornalhas e nas caldeiras – local onde ocorria o cozimento do caldo de cana – os escravos constantemente se queimavam. Essa etapa do trabalho era considerada tão árdua, que acabava sendo reservada para os escravos que eram considerados mais rebeldes.
O tratamento recebido pelos escravos era desumano. A alimentação, muitas vezes, era insuficiente e os escravos precisavam complementá-la com os alimentos obtidos de uma pequena lavoura que cultivavam aos domingos. Além disso, eles dormiam no chão da senzala e eram monitorados constantemente para evitar que fugissem.
Os escravos que trabalhavam na casa-grande – residência dos donos dos escravos – recebiam um tratamento melhor. Eram alimentados e bem vestidos. Além disso, havia escravos que trabalhavam nas cidades em ofícios dos mais variados tipos.
Se os escravos cometessem qualquer tipo de erro ou desobedecessem, eles recebiam castigos físicos muito dolorosos. Entre as punições mais comuns, então os açoitamentos. Além dos maus-tratos e as péssimas condições em que viviam, as mulheres negras também muitas vezes eram exploradas sexualmente.
Entretanto deve-se ressaltar que os escravos não aceitaram passivamente a escravidão. Entre as diferentes formas de resistência dos escravos podem ser mencionadas as fugas coletivas, ou individuais, as revoltas contra feitores e seus senhores (que poderia ou não ter o assassinato desses), a recusa em trabalhar, a execução do trabalho de maneira inadequada, criação de quilombos e mocambos etc. Havia ainda medidas mais mais extremas, como o suicídio e o aborto.
A partir do século XVIII, no chamado século do ouro, os escravos tiveram uma chance de conseguirem sua liberdade. Para isso era necessário comprar a chamada Carta de Alforria. A Carta de Alforria era um documento que era dado ou vendido a um escravo pelo seu proprietário. Nesse documento, o proprietário abdicava de todos os seus direitos sobre o escravo, ou seja, o escravo se tornava livre. A carta de alforria era geralmente concedida por um titular, o senhor ou a senhora, que a redigia de próprio punho. Entretanto, se um casal fosse proprietário do escravo, a concessão partiria do marido e da esposa conjuntamente, de acordo com o sistema patriarcal em que o Brasil vivia. É importante descrever que, geralmente, o escravo conseguia a sua carta de alforria depois de juntar muitos trocados, dinheiro e ouro roubado nas minas onde tinham que trabalhar.
Havia dois tipos de Carta de Alforria: as Cartas de Alforria pagas e as Cartas de Alforria gratuitas. As primeiras eram geralmente concedidas mediante pagamento parcelado. Assim, caso o escravo não conseguisse pagar alguma parcela, voltava a se tornar escravo do seu antigo senhor. O escravo também poderia pegar empréstimos com outras pessoas para quitar a dívida da carta de alforria como instituições benfeitoras, bancos e amigos. Poderia também trabalhar por conta própria a fim de conseguir o dinheiro para pagar a carta de alforria e esses trabalhos poderiam ser como barbeiro, vendendo doces e bolos, sapateiro, carregando materiais. Já as cartas que eram gratuitas eram utilizadas para libertar adultos e esses começavam a trabalhar com seus ex-proprietários, passando a ser um trabalhador assalariado. As crianças também eram libertadas.
Assista aos vídeos abaixo que complementam o tema e mostram outros aspectos da escravidão.
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