Atenas



Atenas foi fundada pelos jônios por volta do século X C., numa colina, a poucos quilometros do mar. Como a região possui bons porto naturais, os atenienses desde cedo voltaram-se para a pesca, a navegação e o comércio marítimo. Inicialmente, Atenas tinha um rei, mas o poder de fato estava nas mãos da aristocracia ateniense: os eupátridas, que em grego quer dizer "bem-nascidos".  Somente eles podiam ocupar cargos públicos. Insatisfeitos com essa situação, os artesãos, comerciantes e soldados passaram a exigir participação na vida política da cidade; já os camponeses queriam o fim da escravidão por dividas. 

Para contornar a situação, em 594 a.C., o legislador Sólon efetuou uma reforma que: 

a) suprimiu a escravidão por dívidas entre os cidadãos atenienses; 

b) dividiu os cidadãos em quatro categorias, de acordo com o grau de riqueza agrícola. Dessa forma, os privilégios que antes cabiam aos "bem-nascidos" passavam agora a ser reservados aos mais ricos. O critério de riqueza substituiu o de nascimento. 

No entanto, apesar da reforma de Sólon, a terra continuou nas mãos de poucos e a participação política manteve-se reduzida. Com isso, os conflitos sociais continuaram violentos. 

A democracia ateniense

 A partir de 508 a.C., o político Clístenes promoveu uma série de reformas populares que asseguravam a soberania do povo no governo da cidade; nascia assim a democracia ateniense. A palavra democracia é a junção de demos (povo) e kratos (poder), isto é, poder do povo. Os principais órgãos da democracia ateniense eram: 

Assembléia do Povo (Eclésia), que votava as leis, escolhia os magistrados, decidia em que gastar o dinheiro público etc. Dela faziam parte todos os cidadãos de Atenas, isto é, todos os homens com mais de 18 anos e filhos de pais atenienses. 

Conselho dos Quinhentos (Bulé), formado por quinhentos cidadãos escolhidos por sorteio anualmente. Com isso, tanto os ricos quanto os pobres tinham a mesma chance de ser eleitos. A função do Conselho era preparar os projetos para serem votados pela Assembleia do Povo. Os projetos aprovados eram postos em prática pelos estrategos: dez cidadãos eleitos por um ano. Assim, todos os cidadãos — não importando a profissão nem a situação financeira — podiam participar diretamente do governo; daí se dizer que a democracia ateniense era direta e aberta a todos os cidadãos. 


 

Clístenes criou também o ostracismo, que consistia em expulsar da cidade por dez anos qualquer pessoa que parecesse representar uma ameaça à democracia. O cidadão expulso, porém, não perdia sua propriedade. Não se pode esquecer, no entanto, que a democracia ateniense não era para todos. Os escravizados, as mulheres e os estrangeiros (chamados em Atenas de metecos) não eram considerados cidadãos e, portanto, não tinham o direito de participar da política. 

O século de Péricles

 A partir de 450 a.C., sob a liderança de Péricles, a democracia ateniense foi aperfeiçoada: criou-se um Tribunal popular, composto de cidadãos para julgar toda espécie, de causas. Os membros do Tribunal eram eleitos por sorteio e ficavam no cargo por um ano; depois disso, eram substituídos por outros, eleitos também por sorteio. Esse rodízio era uma característica importante da democracia ateniense. 

Para que mais pessoas pudessem participar da Eclésia, Péricles instituiu uma remuneração, permitindo que, os mais pobres deixassem suas ocupações por um tempo para participar da política. Além disso, promoveu a reconstrução da parte alta de Atenas, destruída pelos persas. O tempo em que Péricles liderou Atenas ficou conhecido como "O século de Péricles". 




Escravos, mulheres e estrangeiros 

Apesar do fim da escravidão por dívidas, o número de escravizados em Atenas continuou grande, pois os atenienses passaram a comprar cativos de outros lugares como o Egito. Os escravizados faziam vários tipos de tarefas: os homens cuidavam do gado, carpiam a terra, plantavam, colhiam; já as mulheres moíam grãos, fiavam, teciam, cozinhavam e cuidavam das crianças e da casa de seus donos. 

As mulheres atenienses eram quase sempre dependentes de um homem. Até o casamento seguiam os hábitos da casa do pai, uma vez casadas, os do marido. Elas cuidavam dos serviços domésticos e aprendiam com as mães e avós a cozinhar e a tecer. Geralmente, as mulheres ricas viviam fechadas nos aposentos destinados às mulheres (o gineceu). As mulheres pobres, em sua maioria, além do trabalho doméstico ajudavam seus maridos fora de casa. A mulher do pescador, por exemplo, vendia o peixe que o marido pescava. Mas as mulheres de Atenas também desempenharam papéis sociais importantes, como o de sacerdotisa nos cultos públicos.


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