IMPÉRIO BIZANTINO

Historicamente, o Império Bizantino é considerado como a continuação do Império Romano, que se dividiu e ruiu no ano de 395. Nesse ano, o grande Império Romano se dividiu em duas partes, sendo o Império Romano do Oriente, com a capital em Constantinopla (também chamado de Império Bizantino) e o Império Romano do Ocidente, cuja capital ficava em Milão.

O Império Bizantino foi uma das organizações políticas mais grandiosas e que durou mais tempo na história da humanidade, do mundo antigo ao período medieval. Se estendeu do ano de 395 ao ano de 1.453.

Seu início se deu a partir da fundação da cidade de Constantinopla sobre aquilo que, até o momento, era Bizâncio, uma colônia da Grécia que teve origem em 657 a.C. A cidade foi fundada por Constantino, o Grande, filho de Constâncio Cloro. Constantino foi aclamado como um dos imperadores do Império Romano no ano de 306 d.C., após o falecimento de seu pai.

Nessa época, todo o Império Romano encontrava-se vulnerável aos ataques bárbaros dos povos do Norte e do Oriente, particularmente pelos Persas. Por conta dessa vulnerabilidade, o Império foi dividido e cada parte ficava sob a responsabilidade de uma autoridade diferente.

No entanto, quando Constantino assumiu, Maxêncio, o Augustus da mesma região do Império declarou-se como único imperador, o que levou a guerras civis que marcaram os anos posteriores.

Com grandes vitórias em sequência, Constantino publicou o Édito de Milão, declarando oficialmente a tolerância a qualquer credo religioso e inibindo a perseguição aos cristãos. Suas vitórias levaram à unificação do Império que, apesar de manter as características do anterior, incluíram diversos novos elementos, sendo o principal a mudança para a nova capital imperial no Oriente.

O Império Bizantino prosperou por muitos séculos, concentrando seu poder econômico e político principalmente no que antigamente era conhecido como o lado oriental do Império Romano.

Por fim, após diversos conflitos com cristãos ocidentais (Quarta Cruzada) e muçulmanos em expansão, o Império Bizantino encontrou seu fim, subjugado pelo sultão Mehmet II.

 Império Bizantino: cultura

Culturalmente, o Império Bizantino foi responsável por introduzir uma série de elementos que o distinguiram da tradição ocidental baseada nas premissas do antigo Império Romano. Entre eles, podemos citar:

oficialização do grego como a língua do império, substituindo o latim;

cesaropapismo, ou seja, a convergência dos poderes político e espiritual na figura do imperador;

tolerância religiosa, interrompendo anos de perseguição aos cristãos;

Cisma do Oriente, separando o cristianismo Bizantino (Igreja Ortodoxa) da Igreja Católica;

extinção do paganismo.

Império Bizantino: economia

A economia do Império Bizantino estava entre as mais avançadas da época, sendo que a própria Europa não conseguia corresponder à força econômica do Império até a sua queda, no fim da Idade Média.

Situada numa posição privilegiada, Constantinopla era ponto de passagem para os comerciantes que circulavam entre o Oriente e o Ocidente. A cidade possuía diversas manufaturas, como as de seda e um comércio desenvolvido. Era eixo central de uma vasta rede comercial, Constantinopla influenciou a Eurásia, o Norte da África e até mesmo a Rota da Seda. O comércio foi um dos pontos mais fortes da economia do Império Bizantino, florescendo perante a decadente organização ocidental.

Império Bizantino: política

Era muito comum que os imperadores fossem representados como santos no Império Bizantino, principalmente por conta da junção dos poderes políticos e religiosos. Entenda um pouco melhor:

Após a queda do Império Romano no Ocidente, o Império sobrevive no Oriente por mais mil anos até a invasão de Constantinopla pelos turcos. Ali se desenvolveu uma estreita relação entre o Imperador e o Patriarca, ou seja, o governo e a Igreja, a ponto de não se reconhecer onde começava um e terminava o outro.

Esta relação é chamada de cesaropapismo. A palavra é a união de césar = imperador e papismo = papa, indicando que Estado e Igreja estavam interligados.

O Imperador deveria proteger a Igreja, podia convocar concílios e opinar sobre assuntos teológicos, devia zelar por mosteiros e religiosos, e os sacerdotes eram funcionários do Estado. Por sua vez, a Igreja consagrava os imperadores e gozava de estabilidade econômica.

Cisma do Oriente: divisão da Igreja Católica

A religião cristã em Constantinopla seguia os moldes do Império Romano do Ocidente. Ao longo do tempo tendo os imperadores o controle da religião, passaram se efetivar várias mudanças. Os patriarcas da Igreja, líderes religiosos, eram nomeados diretamente pelo Imperador. Na hierarquia clerical, abaixo dos patriarcas se encontravam aproximadamente seiscentos bispos e arcebispos que controlavam milhares de padres e párocos. As missas antes rezadas em latim, passam a ser celebradas em grego, os padres começam a adotar barbas e tiveram autorização para contraírem o matrimônio. Essas diferenças geraram desentendimentos entre os chefes de cada Igreja o Patriarca e o Papa levando a uma ruptura em definitivo no ano de 1054, fato que ficou conhecido como A cisma do Oriente. A separação entre as igrejas fez com que os bizantinos adotassem uma liturgia própria, não tendo mais relações com a Igreja Católica, e assim passaram a se chamar de Igreja Ortodoxa. Uma das principais diferenças entre as religiões católicas e bizantinas é a adoração de imagens, que na Igreja Ortodoxa passou a ser proibida, pois eram acusados de idolatria. Segundo a interpretação bíblica dos ortodoxos o culto às imagens era condenado pelas escrituras sagradas. Essa discussão dividia a sociedade bizantina desde o século VIII, quando o imperador proibiu esta prática, porém ocorreram diversas revoltas da população, muitas delas tinham como incitadores os próprios monges que eram contrários a ordem do imperador. A questão iconoclasta, como ficou conhecida durou até meados do século IX, quando o culto as imagens foram liberadas, exceto as estátuas e esculturas.

Arte Paleocristã e Arte Bizantina

A Arte Bizantina se contextualiza na Arte Paleocristã, que tem origem nas expressões artísticas dos convertidos na fé em Jesus Cristo. Eram manifestações feitas especialmente através das pinturas nas catacumbas e nos sepulcros.

                                                             Pintura paleocristã na Catacumba de Santa Priscila, Roma, séc II

A Arte Bizantina, por sua vez, surge após a aceitação do Cristianismo e, assim, revela a exuberância de uma arte que pretende ser vista, divulgada e que tinha como propósito instruir os devotos, neles incutindo a devoção ao Cristianismo. Desse modo, a Arte Bizantina pode ser considerada o primeiro estilo de arte cristã.

Em decorrência do período histórico, a Arte Bizantina expressa especialmente o caráter religioso.

Além disso, o imperador era uma figura de referência sagrada uma vez que desempenhava o seu papel de governante em nome de Deus, tal como era propagado na época.

Assim, muitas vezes se encontra mosaicos que retratavam o imperador e sua esposa entre Jesus e Maria.

Os artistas da época não tinham liberdade para se expressar, não podiam usar sua criatividade; deviam apenas cumprir com a elaboração da obra, tal como lhes era solicitado.

Podemos, dessa forma, destacar as seguintes características da arte bizantina:

Caráter majestoso que demostra poder e riqueza;

Ligação direta com a religião católica;

Demonstração clara da autoridade do imperador - ao considerá-lo sagrado;

Frontalidade - representação das figuras em posição frontal e rígida;

Deste modo, Constantinopla viu muitos dos seus artistas migrarem para o Império Romano do Ocidente, cuja capital era Roma.

Pintura Bizantina

A predominância dos temas religiosos dá destaque às pinturas feitas nas igrejas.

Nessa época foi criado o ícone, uma vertente da pintura bizantina. Ícone em grego significa imagem e nesse contexto representavam personagens religiosas como a Virgem e Cristo, além de santos.

Uma das técnicas bastante utilizadas pelos pintores bizantinos foi a têmpera, que consiste em preparar os pigmentos junto a uma goma feita de material orgânico (como a gema de ovo) a fim de fixar melhor as cores à superfície.

Os ícones eram encontrados sobretudo nas igrejas, entretanto era possível também encontrá-los nos ambientes familiares, em oratórios.

      Ícones de André Rublev. À esquerda, Solenidade da Santíssima Trindade; à direita, Nossa Senhora da Misericórdia

Iconoclastia e Arte Bizantina

A pintura, todavia, não foi muito além do contexto religioso, uma vez que no Império Bizantino surgiu um movimento chamado de iconoclastia.

Segundos os iconoclastas, figuras humanas não podiam ser adoradas, pois a adoração cabia apenas a Deus. De acordo com a prática monoteísta a veneração dos santos consistia no pecado da idolatria.

Assim, para acabar com o culto a figuras humanas, o imperador proibiu a reprodução de toda representação humana, ordenando, inclusive, a destruição das obras artísticas que existissem nessas condições.

                                                                    Exemplo de mosaico bizantino

Os mosaicos foram bastante destacados no período e constituem a expressão máxima da arte bizantina, atingindo nesse momento a mais impecável realização.

Entre outras coisas, eles retratavam o imperador, bem como profetas. Eram aplicados no interior das igrejas e exibiam cores intensas e materiais nobres que refletiam a luz, concedendo suntuosidade aos templos.

Eram criados a partir de pequenos pedaços de pedras em cores distintas, colocados sobre cimento fresco em uma parede e que compunham, assim, um desenho.

Império Bizantino e o mundo árabe

O reinado de Justiniano foi um dos mais importantes do Império Bizantino, principalmente por sua característica expansiva e pela conciliação com persas, além das retomadas de territórios no Norte da África, Itália e Espanha, reconstituindo o antigo Império Romano do Ocidente.

Com isso, anos de prosperidade e um convívio relativamente pacífico foram importantes para difundir uma cultura mista, além das práticas comerciais dominadas pelos povos árabes, que influenciaram muito no surgimento das sociedades modernas após a Idade Média.

Entretanto, com a morte de Justiniano e as invasões ao Império Bizantino, os conflitos entre bizantinos e árabes se acirraram, de modo que a queda de Constantinopla foi um dos marcos da queda da Idade Média e o seguinte domínio do Império Árabe onde, hoje, conhecemos como Turquia.

A partir de então, os costumes e a cultura da sociedade árabe passaram a dominar a região, aumentando a separação entre o que hoje é o Oriente Médio e os territórios que, posteriormente, deram origem aos estados europeus. Tais domínios ainda entrariam em diversos conflitos, principalmente com a unificação da Arábia e a expansão do islamismo.

O Império Bizantino foi, sem dúvidas, uma das organizações políticas e sociais mais importantes do mundo antigo, tendo dominado regiões muito valiosas na Europa, África e Eurásia durante séculos. Sua ascensão e sua queda marcaram a História da humanidade e, até hoje, refletem na forma como as sociedades se organizam onde antes prosperou um dos impérios mais grandiosos do mundo.

                            



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