IMPÉRIO ROMANO

 O governo do imperador Otávio Augusto 

Otávio Augusto e seus soldados venceram as forças de Marco Antônio, pondo fim à república e estabelecendo um novo regime político: o império. Na condição de imperador, Otávio Augusto podia agora propor e rejeitar leis, convocar o Senado e as assembléias e intervir militarmente em Roma, na Itália, -e em todas as províncias romanas. Aproveitando-se disso, ele promoveu uma série de reformas importantes: 

•definiu os limites do Império Romano e enviou tropas para proteger suas fronteiras; 

• distribuiu terras aos seus soldados; 

• confiou a administração de algumas províncias aos senadores, enquanto manteve outras, como o Egito (importante fornecedor de trIgo a Roma), sob sua responsabilidade; 

• modernizou a cidade de Roma que, na época, tinha cerca de 1 milhão de habitantes e passou a ter um prefeito, um corpo de bombeiros e monumentos que glorificavam o governo.

Com essas reformas, o governo de Otávio Augusto (27 a.C. a 14 d.C.) conheceu um longo período de estabilidade, conhecido como Pax Romana, que durou mais de 200 anos. Durante esse período, as cidades ganharam estradas e teatros e as fronteiras, do Império foram fortificadas. E, sob o imperador Trajano, em 117 d.C., o império adquiriu sua máxima extensão.

A relativa estabilidade política vivida pelo Império Romano nos dois primeiros séculos da nossa era favoreceu o crescimento da economia e a expansão do comércio romano. A existência de bons portos, de uma rede de estradas bem construídas e o uso de uma moeda única em todo o império (o denário) também ajudaram nessa expansão comercial.

Diversão e lazer no Império Romano 

Entre os principais espaços de diversão e Lazer no Império Romano estavam os anfiteatros e os circos. Nos anfiteatros ocorriam as lutas entre os gladiadores, e entre estes e as feras famintas (tigres, ursos, entre outros).

Na arena, as bandas de músicas entretinham a platéia antes de cada luta. Uma vez anunciados, os gladiadores entravam armados de capacetes, lanças, escudos, espadas, redes e garfos, e lutavam até que um deles tombasse. Então o perdedor tirava o capacete e oferecia o pescoço ao vencedor. Nesse momento, o público decidia: os polegares para cima indicavam que o perdedor devia continuar vivo; os polegares para baixo significavam que ele devia ser executado. Os espetáculos eram financiados por políticos e eram gratuitos para o público. Entre os grandes anfiteatros romanos, o mais famoso era o Coliseu de Roma, inaugurado em 80 d.C. 

Nos circos realizavam-se as corridas com carros puxados por cavalos. Havia carros puxados por dois cavalos (as bigas e outros eram puxados por quatro (as quadrigas).

Os corredores, chamados aurigas, se vestiam com uma túnica leve, protegiam a cabeça com um capacete de metal e portavam um chicote em uma das mãos. As corridas eram patrocinadas pelo governo romano e a entrada era gratuita. Os corredores eram, em sua maioria, escravos mas havia também homens livres que ganhavam somas fabulosas. O risco de morte era muito grande e, como nas corridas de carro atuais, o perigo maior estava na ultrapassagem e nas curvas. Os espetáculos começavam pela manhã e se prolongavam pelo resto do dia. As pessoas levavam comida e bebida de casa para consumir no local. As torcidas eram divididas por cores: verde, azul, branco e vermelho. Havia policiamento, mas, muitas vezes, a rivalidade entre as torcidas terminava em pancadaria.

Habitações romanas 

Apesar de todas as riquezas que afluíam para o Império, a maioria dos romanos era pobre e morava em uma insula, prédio de habitação cor-quatro ou cinco andares, formado de cômodos minúsculos onde, por vezes, viviam muitas pessoas. As condições de vida no interior dessas habitações eram precárias, a começar pelo fato de não possuírem banheiros. Seus diversos andares eram ligados por uma escada externa.

Já os ricos viviam em casas luxuosas e confortáveis, com aberturas no teto, com várias salas e jardim nos fundos, denominadas domus. Geralmente, as paredes dessas residências eram decoradas com pinturas.

A domus romana era formada geralmente de:

1 Vestíbulo: pequeno corredor que dá acesso ao átrio. 

2 Átrio: área com um pequeno tanque no centro que captava a água das chuvas. Uma abertura no teto permitia a entrada de luz natural no átrio e nos cômodos próximos, quartos de dormir, escritório, depósito e sala. 

3 Tablino: sala de visitas ou de reuniões com pessoas que não fossem da família. 

4 Alas: saletas abertas na lateral. 

5 Peristilo: grande jardim rodeado de colunas e embelezado com arbustos,-flores e estátuas. Além de ser uma área de lazer, esse jardim possibilitava a entrada de luz natural que clareava outras construções, por exemplo, o salão de festas. O jardim, como se vê, ficava no fundo da casa. 

6 Salão de festas e banquetes: os banquetes romanos eram servidos por numerosos criados, livres ou escravos. Havia comida e bebida à vontade e apresentações de dança e música feitas por profissionais contratados.

Namoro e casamento 

Os romanos também namoravam e se apaixonavam; mas quanto ao casamento, as diferenças entre nós e eles são grandes. Nas famílias ricas, um dia antes de se casar, a noiva depositava seus brinquedos no altar onde ficavam os deuses protetores de sua família; ela ainda tinha brinquedos porque se casava muito jovem, com 12 a 15 anos de idade. Já o noivo era geralmente um homem com mais de trinta e cinco anos. A menina, porém, não tinha liberdade de escolha; seu pai que escolhia com quem ela deveria se casar. Para o pai, o amor não tinha importância, o que contava era a posição social do noivo e a riqueza de sua família. Já entre os pobres as diferenças de idade entre homens e mulheres não eram tão grandes; o casal se unia com o objetivo de se ajudar na luta pela sobrevivência. Os escravizados, por sua vez, eram proibidos de casar; então namoravam e, por vezes, moravam juntos; isto ocorria com mais frequência quando eles pertenciam ao mesmo dono. Sem a interferência do fator econômico, os casamentos entre os pobres eram, geralmente, movidos pelo sentimento

A literatura romana 

Inicialmente os romanos escreveram comédias e tragédias que imitavam as dos gregos. Posteriormente escreveram obras importantes e originais no campo da poesia, da sátira, da História e da Filosofia. A literatura romana é rica em máximas, ou seja, frases curtas, mas de grande impacto. Muitas delas são usadas ainda hoje em conversas do dia .a dia. 

A religião romana 

Durante séculos, os romanos acreditaram em divindades que eles diziam morar nas matas, nas árvores, nas rochas etc. Além disso, cultuavam os antepassados e os deuses domésticos que, por guardarem o lar de cada família, eram chamados "lares". Praticavam também a adivinhação com base na observação do voo dos pássaros e das vísceras dos animais, especialmente o fígado. Mais tarde, ao se expandirem militarmente, os romanos entraram em contato com os gregos; daí assimilaram seus deuses e deram a eles nomes latinos. Assim, Zeus, o mais poderoso dos deuses gregos, corresponde a Júpiter entre os romanos; Hera, irmã e esposa de Zeus, a Juno, e Ares, o deus grego da guerra, tornou-se Marte. Durante o Império, o cidadão romano tinha de cultuar também o imperador, como forma de demonstrar sua lealdade ao Estado. 

Contribuições romanas 

O império fundado pelos romanos desapareceu, mas algumas de suas criações são decisivas para compreender o mundo em que vivemos. A língua, a Engenharia e o Direito são exemplos disso. 

Lingua

As três palavras abaixo estão escritas em português, espanhol, italiano e francês. Reparou que o jeito de escrever essas palavras é parecido? Agora leia-as em voz alta; reparou que a sonoridade também é parecida? Reparou, ainda, que elas têm o mesmo significado? Sabe por quê? É que o português, o espanhol, o italiano e o francês têm origem em uma mesma língua, o Latim, a língua falada na Roma antiga. Pois bem, o latim surgiu no Lácio, região onde a cidade de Roma foi construída. Com a expansão militar romana, o latim falado pelos soldados e camponeses romanos (latim vulgar) foi se misturando à língua dos povos conquistados. Dessa mistura se formaram as Línguas neolatinas, como o português, o espanhol, o italiano, o francês e o romeno.

Engenharia romana 

No campo da construção, os romanos desenvolveram importantes técnicas e conhecimentos. Alguns dos melhores exemplos da engenharia romana são as casas de banho (thermas), suas estradas e seus aquedutos (canais que serviam ao trans-porte de água).

Os aquedutos são canais que servem ao transporte de água que, após ter sido recolhida em nascentes e poços, era levada até as cidades. Inicialmente, os aquedutos eram tubulações, de 1,20 metro de largura por 1,80 metro de altura, construídas no nível do solo. Durante a expansão militar, os adversários do Império Romano procuravam os aquedutos romanos para roubar ou envenenar a água que seguia para Roma. Para evitar o roubo ou o envenenamento da água, os romanos construíram aquedutos aéreos, com colunas de 15 metros de altura, como o que s vê na imagem.

Direito romano 

Os romanos também se destacaram na área do Direito. A própria palavra "justiça" é de origem romana, pois vem da palavra latina jus (direito). Por muito, tempo os romanos se guiaram por leis orais baseadas nos costumes. Durante a Re-pública, vendo-se prejudicados pelas leis criadas pelos patrícios, os plebeus exigiram um código escrito. Como resposta a essa exigência, na metade do século V a.C., foram elaboradas as Leis das Doze Tábuas, base do Direito romano. Mais tarde os juristas romanos criaram uma série de outras leis que serviram de base para os códigos civis de muitos países da Europa e da América Latina, inclusive do Brasil. Conheça alguns princípios do Direito Romano: 

1 "Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa." 

2 "Nada que não se permita ao acusado deve ser permitido ao acusador."

3 "O encargo da prova fica com aquele que acusa e não com o acusado."

4 "Na aplicação de penalidades, contam a idade e a inexperiência da parte culpada." 

Jesus e o cristianismo 

A principal fonte para o estudo da vida de Jesus são os evangelhos, livros escritos por seus seguidores por volta de 70 d.C. e que fazem parte do Novo Testamento, a segunda parte da Bíblia. Segundo esses textos, Jesus, filho de Maria e José, nasceu em Belém, lugarejo próximo a Jerusalém, na Judeia, que, na época, era uma província do Império Romano, sob o governo de Otávio Augusto. Aos 30 anos, dizendo ser o Messias esperado, Jesus começou a percorrer as aldeias e cidades da Judeia pregando o amor a Deus e ao próximo, a humildade e a igualdade entre as pessoas e prometendo aos justos o paraíso. Com isso, conseguiu um grande número de seguidores entre os judeus pobres.

Acusado de pregar contra as autoridades romanas e de dizer que era rei dos judeus, Jesus foi condenado à morte na cruz pelos romanos. Após sua morte, os apóstolos, com destaque para Paulo e Pedro, passaram a transmitir seus ensinamentos a vários povos do Império', Romano, já que a proposta cristã era uma religião universal.

A perseguição aos cristões

Com as pregações dos apóstolos, o cristianismo começou a se expandir entre diferentes grupos sociais e povos (como os gregos, os romanos, os samaritanos, entre outros) e regiões ao redor do Mar Mediterrâneo. Conforme o cristianismo se expandia, as autoridades romanas passaram a persegui-lo.

Os cristãos eram perseguidos por não crerem nos deuses romanos, por se recusarem a cultuar o imperador e por defenderem a existência de um Deus único e universal. Resistindo à perseguição romana, os cristãos reuniam-se nas catacumbas, galerias subterrâneas onde oravam e sepultavam seus mortos. Apesar de perseguido pelo governo romano, o cristianismo (com sua crença na vida pós-morte) continuou atraindo pobres, remediados, ricos, homens, mulheres e, até mesmo, autoridades romanas. Inicialmente, vendo que o cristianismo crescia, os imperadores romanos intensificaram a perseguição, ordenando a morte de cristãos e a destruição de suas igrejas. Posterior-mente, decidiram aliar-se a eles, a fim de conservar seu poder. Em 313, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, por meio do Édito de Milão. Em 380, outro imperador, de nome Teodósio, transformou o cristianismo em religião oficial do Império Romano. Nascido entre os pobres, o cristianismo passava a ser agora uma das bases do Estado romano.








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