A REPÚBLICA ROMANA
A República Romana
A República Romana era governada pelos magistrados, auxiliados pelo Senado e pelas Assembleias. Conheça os principais magistrados e suas atribuições:
Além desses magistrados, havia o ditador. Ele governava Roma com plenos poderes por um período de seis meses, em caso de grave ameaça à República (guerra, por exemplo). Era eleito pelo Senado.
Senado - era formado membros vitalícios, todos patrícios. Suas principais funções eram controlar o tesouro público e propor a guerra ou a paz. Na República Romana, somente os patrícios podiam ocupar altos cargos no governo, isto é, os cargos de magistrado e de senador.
As Assembleias eram três:
Assembleia das tribos - reunião dos cidadãos conforme o local de residência ou a origem; elegia os questores e os edis;
Assembleia centuriata - reunião dos cidadãos em centúrias (unidades do Exército) segundo o grau de riqueza; votava as declarações de guerra, os acordos de paz e elegia os cônsules;
Assembleia da plebe - composta apenas pelos plebeus; votava assuntos de interesse da plebe.
Mulheres e escravos eram excluídos da política e, portanto, não podiam participar de nenhuma dessas assembleias.
As lutas sociais
Os plebeus eram maioria em Roma. Como cidadãos, pagavam impostos e serviam ao exército. Apesar disso, eles não podiam exercer nenhum cargo importante no governo romano. O casamento entre plebeus e patrícios também era proibido. Além disso, ao serem convocados para ir à guerra, os plebeus eram forçados a deixar suas pequenas propriedades e, com isso, se endividavam; quando não conseguiam pagar suas dívidas, perdiam a terra e eram escravizados.
As conquistas dos plebe
Dispostos a lutar por igualdade de direitos, os plebeus promoveram várias revoltas. Uma tática muito usada por eles era se retirar de ROMA e ameaçar não participar mais do exército romano. Como os plebeus constituíam a maioria dos trabalhadores e dos soldados, os patrícios tinham de ceder. Assim, aos poucos, os plebeus foram conquistando mais direi tos, como se pode ver a seguir.
Posteriormente, os plebeus conseguiram uma lei que dava a eles o acesso a todas as magistraturas. Mas, como apenas os plebeus ricos tinham posses suficientes para fazer carreira política, somente eles chegavam ao poder. Formou-se, então, uma nova aristocracia, composta de patrícios e plebeus enriquecidos.
Roma conquista a Itália e, depois, o mundo
Desde cedo, os romanos guerrearam para se defender de seus vizinhos. Mas com o aumento das lutas sociais e da participação política da plebe, os romanos passaram a guerrear com dois outros objetivos: a conquista de terras e o controle das rotas de comércio. As terras conquistadas eram convertidas em "terra pública" (ager publicus, em latim), e os povos vencidos eram transformados em aliados dos romanos, chegando inclusive a integrar seu exército. Entre os séculos V e III a.C., as legiões romanas conquistaram quase toda a Península Itálica.
Depois de conquistar a Península Itálica, Roma passou a disputar a liderança com outra potência daquela época: Cartago. A disputa pelo controle do comércio no Mediterrâneo ocidental deu origem a três guerras entre Roma e Cartago, Guerras Púnicas, assim chamadas porque os romanos denominavam os fenícios de "punici", púnicos.
As Guerras Púnicas se desenrolaram entre 264 e 146 a.C. e foram vencidas pelos romanos. Após a vitória final, os manos arrasaram a cidade de Cartago, venderam seus poucos sobreviventes como escravos e transformaram seu território em província romana.
Depois de conquistar terras a oeste, os romanos voltaram-se para o leste, onde conquistaram a Macedônia, a Grécia e parte da Ásia Menor. No século I a.C., sob o comando do general Júlio César, completaram a conquista da Gália, invadiram o Egito e o norte da África. Assim, em fins do século I a.C., os romanos eram os senhores de todo o Mediterrâneo, mar que eles passaram a chamar de More Nostrum (Nosso Mar).
As conquistas trouxeram mudanças profundas na vida dos romanos, entre as quais cabe destacar:
a)o enriquecimento do Estado romano (impostos, terras, joias de ouro e prata e outros bens obtidos nas províncias
b) fortalecimento de um novo grupo social, o dos cavaleiros, homens enriquecidos com o comércio, a cobrança de impostos nas áreas conquistadas e os serviços prestados ao governo de Roma;
c) grande aumento do escravismo;
d) concentração das terras conquistadas nas mãos de poucos.
Escravismo e grande propriedade
Com as guerras de conquista, milhares de prisioneiros de guerra foram trazidos para a Península Itálica. Os ricos tinham, às vezes, centenas de escravizados, pessoas das mais diversas cores e origens: gregos, macedônios, asiáticos etc. As terras e os escravos obtidos nas guerras originaram grandes propriedades escravistas na Península Itálica. Estas produziam vinho e azeite de oliva, que eram vendidos às províncias por altos preços. A pequena propriedade camponesa, porém, não desapareceu, mas passou a produzir apenas para a subsistência e para mercados locais. O administrador da grande propriedade era um capataz, geralmente um escravo com direitos que outros não tinham, como o de se casar, por exemplo. É preciso dizer que, na propriedade escravista, os escravos eram maioria, mas havia também trabalhadores livres.
Espartaco: a resistência a escravidão
Durante a expansão romana pelo Mediterrâneo, ocorreram várias revoltas de escravos nos domínios romanos. Porém, a maior delas ocorreu em Cápua, no sul da Península Itálica, e foi liderada por Espártaco. Espártaco foi capturado pelos romanos no norte da Grécia. Conta-se que, por ser forte e corajoso, foi escolhido para ser um gladiador.
Em busca de liberdade, dezenas de escravos liderados por Espártaco iniciaram, em 73 a.C., uma das maiores rebeliões do mundo antigo. Milhares de escravizados e homens livres pobres aderiram à rebelião. À frente de um exército de ex-escravos, que chegou a ter cerca de 100 mil combatentes, Espártaco venceu tropas romanas por diversas vezes e dominou boa parte do sul da Itália. Em 71 a.C., os exércitos romanos se uniram e conseguiram vencer os rebeldes. Como castigo exemplar, Espártaco e cerca de 6 mil seguidores foram presos, crucificados e expostos ao longo da via Ápia, estrada que ligava Roma a Cápua. Conforme o historiador Fábio Joly, a revolta liderada por Espártaco não foi contra Roma — os rebeldes lutaram por sua liberdade e a de seus companheiros; por isso fundaram comunidades, que acolhiam escravizados fugidos das áreas próximas.
A luta pela terra
Os homens ricos, como vimos, apossavam-se das terras obtidas nas guerras de conquista e nelas montavam fazendas escravistas. Assim, ao final de uma guerra, eles se tornavam mais ricos. Já para os pequenos agricultores, a guerra geralmente significava prejuízo. Muitos deles morriam combatendo a pé e nas primeiras fileiras; os que conseguiam voltar para casa, depois de anos de ausência, encontravam sua propriedade devastada ou invadida. Além disso, com o aumento da entrada de escravos, muitos camponeses ficaram sem trabalho e tiveram de se mudar para as cidades. Assim, o número de pobres nas cidades e nos campos aumentou muito.
Diante disso, em 133 a.C., o tribuno da plebe, Tibério Graco, propôs uma reforma agrária que limitava o tamanho da terra que um indivíduo podia ter e distribuía lotes de terra aos pobres. A reforma teve total apoio dos camponeses, mas foi mal recebida por uma parte dos ricos. A tensão,,,entre uns e outros aumentou e, em um tumulto ocorrido em uma assembleia, Tibério foi assassinado. Em 123 a.C., Caio Graco foi eleito tribuno da plebe e deu continuidade à reforma iniciada por seu irmão Tibério. Além disso, conseguiu aprovar duas importantes leis: uma que estendia a cidadania romana a alguns povos aliados, e outra que obrigava o governo a pagar o equipamento dos soldados que iam para a guerra. Com essas propostas, Caio Graco acabou atraindo inimigos poderosos, e, ao perceber que ia ser morto em uma cilada, pediu que um escravo o matasse.
A ascensão dos militares
Além do problema da terra, outro sinal da crise da República provinha do exército. Em 107 a.C., o cônsul Mário promoveu uma reforma militar instituindo o pagamento de salários àqueles que se alistassem no exército voluntariamente. Com isso, muitos homens pobres alistaram-se como soldados permanentes; além do salário, recebiam dos seus generais parte do saque e das terras. conquistadas. Com isso, esses novos soldados se ligaram aos seus generais por laços de lealdade e solidariedade.
Apoiados por suas tropas, os generais ganharam força e passaram a disputar o poder político. Um dos generais que se sobressaiu na época foi Júlio César, o conquistador da Gália.
Júlio César contra o Senado
Aproveitando de sua enorme popularidade, Júlio César juntou-se aos generais Pompeu e Crasso e formou com eles o Primeiro Triunvirato, um acordo entre os três generais pelo qual um se comprometia a ajudar o outro para controlar o poder em Roma. Com a morte de Crasso, abriu-se uma guerra entre César e Pompeu. Vitorioso, César tomou o poder em Roma e promoveu reformas que aumentaram ainda mais sua popularidade, como a doação de terras a milhares de ex-soldados e plebeus empobrecidos. Os senadores acusaram César de trair a República e desejar a volta da Monarquia e, com base nisso, o assassinaram em 44 a.C.
Otávio e o Império
Com a morte de César, formou-se o Segundo Triunvirato, integrado pelos generais Otávio, Marco Antônio e Lépido. A disputa pelo poder opôs as tropas de Otávio às de Marco Antônio e Cleópatra, rainha do Egito. A vitória coube a Otávio que, ao retornar a Roma, pressionou o Senado a lhe dar vários títulos, entre eles o de Príncipe (líder do Senado e o mais importante cidadão de Roma); o de Augusto (venerado); e o de Imperador (comandante supremo dos exércitos), fato ocorrido em 27 a.C. Com isso teve início o Império.
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