TRATADO DE METHUEN E REFORMAS POMBALINAS


A Revolução Industrial ocorreu primeira na Inglaterra, o que explica que em meados do séc. XVIII ela já despontasse como uma das mais importantes potências da Europa. O desenvolvimento de sua manufatura tornou a Inglaterra o principal consumidor dos produtos coloniais vendidos por Portugal e o principal fornecedor de manufaturas para o reino Ibérico. 

Dessa forma, Portugal e Inglaterra se aproximavam cada vez mais através da assinatura de tratados políticos e econômicos que selavam uma relação desigual.

Um dos tratados mais importantes foi o Tratado de Methuen, fechado em 1703. Ele envolvia a troca entre os produtos têxteis ingleses e o vinho português. Através deste acordo, as mercadorias inglesas de lã entravam em Lisboa e na cidade do Porto livre de taxas. Em troca, os vinhos portugueses pagavam uma taxa menor de importação que seus concorrentes no mercado inglês.

Esse acordo não foi muito vantajoso para Portugal, pois eles gastavam muito mais com os manufaturados britânicos do que ganhavam com a venda de vinhos. Assim, Portugal sempre ficava devendo ao reino Inglês, o que tornou possível a transferência de boa parte do ouro brasileiro para os cofres ingleses.

Isso ocorreu  porque os panos ingleses eram fabricados com técnica apurada, muito superiores aos produzidos pela indústria portuguesa. Além disso, o acréscimo na exportação de vinho, decorrente do acordo não bastou para equilibrar a balança comercial entre ambos os países, acarretando enormes prejuízos aos lusitanos, pois, além do consumo pelos ingleses de seus vinhos jamais ter alcançado a mesma cota do consumo de tecidos ingleses, as suas terras cultiváveis foram, em grande parte, transformadas em vinícolas, causando uma escassez de alimentos a ponto de se recorrer à importação.

Portugal não tinha quase nenhuma indústria, quase todos os produtos manufaturados consumidos em Portugal eram comprados na Inglaterra por preços altos. Restava como seu produto principal o vinho, que Portugal vendia aos ingleses, mas que não era suficiente para pagar tudo o que importava.

Portugal devia muito dinheiro aos ingleses e, além disso, o comércio com os ingleses era muito importante para a economia portuguesa. Por causa disso, Portugal ficou cada vez mais dependente da Inglaterra, e para pagar suas dívidas, restava apenas recorrer ao ouro que obtinha do Brasil. A parte do ouro que ficava no Brasil era pequena, e aquela destinada a Portugal também não permanecia lá. Portanto, quem mais se beneficiou com o ouro brasileiro foi a Inglaterra que ficou com boa parte deste ouro.

Marquês de Pombal 


 O Tratado de Methuen acarretou o aumento da dependência de   Portugal em relação a Inglaterra. Esse fator, associado ao   terremoto que assolou Portugal em 1755, fez com que   Sebastião José de Carvalho e Melo, futuramente conhecido   como marquês de Pombal(foi um nobre, político e diplomata   português. Atuou como embaixador nas cortes inglesa e   austríaca, foi Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros   e  Ministro do Reino. Pertenceu ao governo português entre  1750 e 1777, combinando em sua gestão a monarquia   absolutista com o racionalismo iluminista), tomasse uma série   de medidas visando solucionar os problemas econômicos de   Portugal.



Terremoto de 1755, destruiu cerca de 85% das construções de Lisboa 

      

Assim, buscando ampliar os lucros de Portugal por meio das   atividades coloniais, num período em que a mineração se   destacava como atividade econômica na colônia portuguesa na   América, dando destaque à região das Minas Gerais, a   administração pombalina pôs em prática suas medidas. Uma delas foi a criação de companhias de comércio, especificamente a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão e Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba, para promover o desenvolvimento econômico do Norte e a retomada do desenvolvimento das atividades desenvolvidas no Nordeste da Colônia. Ainda, a criação dessas companhias monopolistas buscava proteger os mercadores portugueses e dar a eles melhores condições de competição no mercado internacional.

Outra das medidas tomadas durante a administração pombalina foi a extinção do sistema de capitanias hereditárias e transferência da capital da Colônia, antes em Salvador, para o Rio de Janeiro, região mais próxima a Minas Gerais. Também em relação à atividade mineradora, Pombal determinou o aumento dos impostos cobrados – o que influenciou o surgimento de revoltas coloniais como a Conjuração Mineira.

Uma das reformas de Pombal que mais marcaram sua administração foi a expulsão dos jesuítas do Brasil. Com isso, seguindo a tendência iluminista da época, pretendia diminuir a influência da Igreja Católica em diversos âmbitos do cotidiano de Portugal e de sua colônia na América, incluindo o ensino, que deixou de ser conduzido pela instituição religiosa e passou a ser conduzido pelo Estado. Ademais, Pombal pôs fim à perseguição às pessoas convertidas ao cristianismo, os cristãos novos, e proibiu a escravização de indígenas.

Pombal manteve-se no poder até a morte de D. José I, em 1777. O ministro foi demitido por Maria I, filha e sucessora do rei. Algumas das medidas pombalinas, como as companhias de comércio, foram extintas no governo de Maria I, enquanto outras, como o desenvolvimento manufatureiro de Portugal, tiveram continuidade. O processo de reformas pombalinas aumentou a dominação da metrópole sobre a colônia americana, o que, ainda no século XVIII, desencadeou movimentos contra essa dominação, como a Conjuração Mineira.

A principal influência do Iluminismo no território brasileiro foi possivelmente o evento da Inconfidência Mineira, em 1789, em Minas Gerais. As principais ideologias iluministas que exerceram influência sobre os inconfidentes mineiros foram as propostas de fim do colonialismo, fim do absolutismo, fim da monarquia e instauração da República, liberdade econômica (liberalismo), e a liberdade de religião, pensamento e expressão. Eram todas idéias que batiam de frente com o Absolutismo português, ameaçando não só seu poder sobre a colônia portuguesa, mas o próprio absolutismo.

Mesmo não tendo alcançado o sucesso desejado, que seria a possível conquista da Independência do Brasil, os inconfidentes mineiros conseguiram difundir ainda mais os ideais iluministas entre as camadas urbanas da população brasileira. O Iluminismo acabou por inspirar o pensamento liberal que impulsionou os processos de independência nas Américas. No Brasil, as ideias iluministas foram essenciais para orientar os movimentos voltados para a ruptura do domínio de Portugal sobre a colônia brasileira.




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