República Oligárquica - Características socioeconômicas
Fases da
República Velha (Primeira República)
República Oligárquica
Características socioeconômicas
O período da História brasileira conhecido como República
Velha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930, representou profundas
mudanças na sociedade nacional, principalmente na composição
da população, no cenário urbano, nos conflitos sociais e na produção cultural.
Cabe aqui fazer uma indagação: com mudanças tão profundas, o que permaneceu
delas na vida social atual?
Uma mudança da sociedade da República Velha ocorreu na
economia. A produção agrícola ainda era o carro-chefe econômico da República
Velha e o café continuava a ser o principal produto de exportação brasileiro.
Mas o desenvolvimento do capitalismo e a criação de mercadorias que utilizavam em
sua fabricação a borracha (como o automóvel) fizeram com que a exploração do
látex na região amazônica se desenvolvesse rapidamente, chegando a competir com
o café como o principal produto de exportação. Porém, o período de auge da
borracha foi curto, pois os ingleses conseguiram produzir de forma mais
eficiente a borracha na Ásia, desbancando a produção brasileira.
Outro aspecto econômico da República Velha foi o início
da industrialização no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e
em São Paulo. O capital acumulado com a produção cafeeira possibilitou aos
grandes fazendeiros investir na indústria, dando novo dinamismo à sociedade
nestes locais. São Paulo e Rio de Janeiro passaram por uma profunda
urbanização, criando avenidas, iluminação pública, transporte coletivo
(bondes), teatros, cinemas e, principalmente, afastando as populações pobres
dos centros das cidades. Mas não foi apenas nestas duas cidades que houve
mudanças, já que a mesma situação se verificou em Manaus, Belém e cidades do
interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas.
Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de milhões
de imigrantes europeus e asiáticos para trabalharem tanto nas indústrias quanto
nas grandes fazendas. O fluxo
migratório na República Velha alterou substancialmente a
composição da sociedade, intensificando a miscigenação, fato que, aos olhos das
elites do país, poderia levar a um embranquecimento da população, aprofundando
o preconceito contra os negros de origem africana.
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Mas a modernização na República Velha apresentou também
contradições sociais que resultaram em conflitos de várias ordens. Nas cidades
surgiram os movimentos operários, impulsionados pelos imigrantes europeus e
suas posições políticas ligadas principalmente ao anarquismo. Foi nesta época
que surgiram uma infinidade de movimentos grevistas por melhorias nas condições
de salário e trabalho, sendo o mais conhecido a Greve Geral de 1917, em São Paulo. Em 1922, foi fundado o Partido
Comunista Brasileiro, consequência da Revolução Russa. Além disso, os homens
alfabetizados e maiores de 21 anos passaram a poder votar nas eleições.
Na vastidão do interior rural do Brasil, surgiram movimentos
messiânicos, como o Contestado, no Sul, e Canudos, na
Bahia, além do aparecimento do Cangaço, celebrizado pela figura de Lampião.
O controle político do interior do país na República Velha ficava nas mãos dos
coronéis, sendo o voto de cabresto a principal característica
do coronelismo. A Coluna Prestes que percorreu
milhares de quilômetros tentando buscar apoio popular a uma revolução social
foi também um fenômeno da República Velha.
No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e
o samba, gêneros musicais que ainda fazem parte da cultura popular
nacional. Na elite, a influência europeia, principalmente francesa, mudou o
comportamento das pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar e se portar em
público, o que ficou conhecido como a Belle Époque (Bela
Época) no Brasil. Surgiu também na República Velha a Semana de Arte
Moderna de 1922, animada por vários artistas como Villa-Lobos e Mário
de Andrade, e que pretendia fazer uma antropofagia cultural, misturando
elementos das culturas europeia e brasileira na produção artística.
Presidentes da
República Velha
Ao todo, a Primeira
República brasileira contou com treze
presidentes que tomaram posse do cargo e dois que não assumiram (um
porque morreu e o outro porque foi impedido pelos seus opositores). Os
presidentes desse período foram:
1. Deodoro da Fonseca
(1889-1891);
2. Floriano Peixoto
(1891-1894);
3. Prudente de Morais
(1894-1898);
4. Campos Sales
(1898-1902);
5. Rodrigues Alves
(1902-1906);
6. Afonso Pena
(1906-1909);
7. Nilo Peçanha
(1909-1910)
8. Hermes da Fonseca
(1910-1914);
9. Venceslau Brás
(1914-1918);
10. Delfim Moreira
(1918-1919);
11. Epitácio Pessoa
(1919-1922);
12. Artur Bernardes
(1922-1926);
13. Washington Luís
(1926-1930).
Rodrigues Alves e Júlio Prestes foram os dois
presidentes eleitos, mas que não assumiram nesse período. O primeiro havia sido
eleito para um segundo mandato em 1918, mas faleceu antes de assumir em
decorrência da gripe espanhola. Assim, seu vice, Delfim Moreira, assumiu até
que nova eleição fosse marcada. O segundo foi eleito na eleição de 1930 mas foi
impedido de assumir após a Revolução de 1930 – evento que marcou o fim desta
fase conhecida como Primeira República.
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